Um Plano para 2014!, por Ozires Silva
Ao longo da história, entendemos as empresas como unidades produtivas as quais, somando recursos humanos às matérias-primas e máquinas, buscam como resultados produtos, que comercializados, acrescentam valor à sociedade. Estas colocações bastante simplificadas estão bem longe das empresas modernas.
A globalização da economia jogou as empresas ao, hoje, mercado mundial competitivo, sempre na busca de novos mercados e na ampliação de suas vendas, contribuindo para o incremento de seus resultados sociais e econômicos. O crescimento das vendas, contudo, não acontece por ações somente das empresas. Há tempos que se compreende que a sociedade é muito importante para o sucesso das instituições em geral, em particular das produtivas. São elas que fornecem os insumos básicos para a rede de produção.
Um diagnóstico antigo volta a se apresentar, e de forma sempre consistente. O de que não podemos começar a construir uma casa sem saber como queremos que ela fique no final. Parece um raciocínio difícil, mas num projeto mais simples, como o de uma casa, precisam prevalecer os esforços para antecipar o futuro, da mesma forma que ocorre para projetos mais complexos.
Se quisermos prever aonde queremos chegar, temos de antecipar resultados. Se procuramos isso, podemos perguntar o porquê não devemos fazer o mesmo quando se trata de grandes projetos que ocupam as preocupações gerais e, mais importante, que afetam muitos. É o caso dos governos, que têm um peso importante na sociedade e muitas decisões, produzidas em gabinetes fechados, acabam por influenciar vidas de milhares, possivelmente de milhões de pessoas, de organizações e de empresas.
O contexto sócio-político do Brasil, ao longo do tempo, mostra-se apoiado num Estado capitalista. Foi a partir da década de 50 que se iniciaram algumas ações governamentais voltadas para o planejamento na aplicação de políticas de âmbito federal. Tem-se, como exemplo, o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961). O macro objetivo do Plano de Juscelino era fazer com que o Brasil crescesse 50 anos em apenas 5. O Plano trouxe bons e maus resultados. De um lado bom, a indústria rapidamente se modernizou. No aspecto negativo, destaque para a alta dívida internacional contraída por causa dos empréstimos para implementar o Plano.
Anos depois, foi no governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) que aconteceu o milagre brasileiro, com o exponencial crescimento econômico nacional. Ainda durante a década de 70 originou-se o Ministério do Planejamento, como órgão central integrador de várias atividades e unidades setoriais, que permitia ainda estabelecer e dar maior amplitude à base do planejamento.
O Ministério do Planejamento lançou o Programa de Metas e Bases para a Ação do Governo até o ano de 1973 e também um primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento, previsto para ser implementado entre 1972 e 1974. Como acontece no Brasil, as decisões não se perduram e mudanças organizacionais – como a que colocou a Secretaria de Planejamento apenas como um órgão coordenador das ações econômicas imediatas do governo – rapidamente levaram a uma desarticulação do planejamento governamental, que desde então permaneceu apenas no papel. Ainda hoje o país vive a cultura de não atribuir importância ao planejamento. Estamos entrando num novo ano, o de 2014, e pouco sabemos das decisões governamentais que vão nos afetar. Tudo isso dificulta as estratégias empresariais, de investimentos e de geração de empregos. Em outras palavras, estamos vivendo a desejar resultados, embora atuemos sobre causas não trabalhadas.
* Artigo divulgado no jornal A Tribuna em 29 de dezembro de 2013.