Temos de acreditar. E avançar!, por Ozires Silva
Sempre que algo não funciona é comum se ouvir, com uma ponta de ressentimento, afirmações como estas: “Só neste país acontecem coisas assim”; “O Brasil nunca vai dar certo”. Talvez seja necessário lembrar o quanto de progresso já nos foi uma realidade, desde quando começou a entrar em cena os falsos dilemas da oposição entre o desenvolvimento e a estabilidade econômica, do dirigismo e da liberdade para empreender e crescer, dos investimentos e o meio-ambiente.
O mundo se globalizou e cresceu. As oportunidades se ampliaram atingindo, com resultados, países que há pouco tempo não se imaginava chegar aonde chegaram. Não se entende que, com tantas soluções possíveis, possamos temer as tomadas de decisão e de soluções, por temores de influências que podem nem existir. Como se nada disso bastasse, criou-se uma espécie de cultura de fortalecer mais os problemas e impossibilidades do que as soluções e possibilidades. Dizem que gostamos mais de diagnósticos do que das ações corretivas.
O desenvolvimento é uma conquista. É a marca da vontade coletiva que faz as coisas acontecerem. E depende da confiança de todos. Dos Governantes nos cidadãos e vice-versa. Parece que ambos nos faltam nestes momentos. Sob o clima da confiança, há aprendizados, tentativas e iniciativas, resultando em investimentos para o futuro, cujas possibilidades são mais amplas do que jamais vimos no passado. Parece que isso, entre nós, não está na pauta de discussões. Discussões sobre o desenvolvimento. Debate é algo que deveria se aplicar num país que já fez o mais difícil, isto é, construir uma nação democrática e aberta. O dilema agora é outro: crescer de maneira sustentada. Ou seja, sem choques, com tudo e, em particular, com o meio ambiente, que garantirá nossa sobrevivência. Este é o debate a merecer atenção. O debate certo na hora certa!
Ser desenvolvimentista nos dias atuais é pensar num modelo que alie o convívio saudável entre pessoas e organizações, entre cidadãos e dirigentes, entre a natureza e a produção. Não se trata apenas de pensar somente em produtividade, redução de custos, eficiência operacional ou investimentos, sejam eles públicos ou privados. É imperativo pensar em tudo isso e ir além; aproveitar o imenso patrimônio geográfico, rico em recursos que são nossos, para voltar a crescer e participar do mundo global com as mentes e dimensões de um país gigante, um verdadeiro continente.
Ser desenvolvimentista é também defender uma vasta reforma educacional que envolva da educação primária à educação universitária, sem perder o foco na educação técnica. O mundo hoje é crescentemente competente e a reforma educacional precisa ter o mérito de fazer o país olhar para frente, tornando o cidadão mais competente do que o seu concorrente mundial. Não pode ser um desafio colossal longe do nosso alcance.
Nos séculos XVIII e XIX, Portugal distanciou-se da Inglaterra, França e Alemanha porque fechou os olhos à revolução tecnológica. O Brasil não pode repetir o mesmo erro neste século XXI. Precisa investir em pesquisa, centros técnicos de excelência e transformar os resultados em incentivos ao empreendedorismo. São caminhos para curar os males do pessimismo e dar novo alento à magia realizadora da confiança.
Assim, tenhamos mais crença em nós e no nosso país. Temos de pensar que o nosso povo, com o sentido unitário desta nação imensa, é diferente e melhor do que pensamos. Da mesma forma, somos cidadãos que podem participar da riqueza mundial muito mais do que imaginamos! Vamos em frente, com coragem e confiança!
Artigo divulgado em 10 de novembro de 2013 pelo jornal A Tribuna