Sucessos do Brasil, por Ozires Silva
Décadas após o histórico vôo de Santos Dumont, em 1906, decolando e pousando em Paris com o primeiro avião mais pesado do que o ar, notáveis pioneiros se debruçaram e lutaram para que um dia o Brasil tivesse sua própria indústria aeronáutica. Isso pressupunha a criação de aviões brasileiros, sendo projetados, desenvolvidos e vendidos para operar nos mercados nacional e internacional.
Muitos daqueles pioneiros, verdadeiros heróis, tiveram sucesso por algum tempo, mas, desde a institucionalização da Embraer, significativos desafios foram vencidos. Na atualidade, nosso país está chegando a níveis expressivos de fabricação de produtos aeronáuticos, os quais são hoje encontrados em operação em quase 90 países. Se há menos de 30 anos fizéssemos previsões sobre o que atualmente a nossa indústria aeronáutica já conseguiu, tudo pareceria quimeras ou utopias.
Hoje, temos razões para nos orgulhar e comemorar fatos e acontecimentos ocorridos nos últimos meses, numa agora vocação aeronáutica do Vale do Paraíba. Assim, vamos às notícias:
(1) A nossa empresa brasileira de produção aeronáutica inaugurou uma unidade de produção de jatos executivos na cidade de Melbourne, na Flórida, em fevereiro passado. Já se passaram 31 anos de crescimento e progresso dos nossos produtos no mais aberto, amplo e competitivo mercado aeronáutico mundial;
(2) A Azul Linhas Aéreas Brasileiras opera desde 15 de dezembro de 2008, tendo já transportado mais de 7 milhões de passageiros neste período. É um resultado ainda não observado no mercado mundial, por qualquer outra operadora;
(3) Também em fevereiro passado, na sede da Embraer, em São José dos Campos, com a presença de personalidades do Governo da Índia, foi apresentada a primeira unidade do EMB 145 AEW&C, um avião moderno e sofisticado de Alerta Aéreo Antecipado e Controle, utilizando os mais modernos equipamentos projetados pelo Ministério da Defesa indiano;
(4) Fazendo um balanço das entregas do jato executivo Phenom 100, um dos mais recentes produtos da empresa, pode-se anotar que 100 unidades já estão em operação com seus compradores, ganhando o primeiro lugar entre as vendas mundiais;
(5) Entrando na produção de jatos executivos em alta escala, a Embraer lançou no final de 2010 o novo Legacy 600, já em operação, agora com a certificação da ANAC brasileira, da FAA americana e da EASA Européia;
(6) O Super Tucano, avião de treinamento militar, em fabricação e entregas desde suas primeiras versões, a partir da década de 80, aparece, com comprovada eficiência, nas operações militares no Brasil e no exterior, tendo ultrapassado as 100 mil horas voadas;
(7) Com suas exportações para vários países, a Embraer responde agora por mais de 8% do superávit do balanço de comércio exterior brasileiro. Trata-se de uma contribuição inusitada, uma vez que o país, de importador de material aeronáutico acabado, transformou-se em exportador.
Vamos convir que é um destacado balanço de notícias, trazendo uma informação aos brasileiros que, graças ao esforço encetado pela Força Aérea Brasileira, em 1950, criando o ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, a primeira escola de formação de engenheiros aeronáuticos no Brasil e, mais tarde apoiando a criação da Embraer, a FAB foi capaz de construir um cenário sonhado por Santos Dumont e por muitos pioneiros do maior valor. É algo que confirma a expressiva capacidade de transformar da Educação e mostra que o João da Silva pode produzir como um John Smith!
Artigo divulgado no jornal A Tribuna em 15 de maio de 2011.