Quem Inventou o Computador e a Internet, por Ozires Silva
“O computador e a internet estão entre as invenções mais importantes do nosso tempo, mas pouca gente sabe quem foram seus criadores”. Com esta frase, Walter Isaacson inicia uma introdução no seu livro ‘Os Inovadores’, publicado em Outubro de 2014 pela Companhia das Letras. Peço desculpas aos leitores se acharem que exorbito em promover um livro. Mas penso que não seja esse o caso e que vale a pena o questionamento colocado como título deste artigo.
Isaacson pesquisou e trabalhou muito para escrever e nos deixar um real legado histórico e que pode muito ser avaliado pelo Brasil e pelos brasileiros, num país continente, com enorme extensão territorial, com pouco mais de 500 anos desde sua descoberta, mas que não tem uma presença mundial equivalente ao seu valor físico e geográfico.
Na busca de tentar identificar o que significa hoje a Tecnologia da Informação, como usamos normalmente, compreendemos que tudo foi criado de maneira colaborativa por muitas pessoas inquietas e ousadas que pensaram ser possível produzir máquinas capazes de processar e resolver problemas. E todo esse esforço, que se estendeu desde os meados do Século XIX, resultou em algo fantástico, a criação, entre outros equipamentos dos mais variados, de computadores pessoais que podem ser operados por qualquer pessoa sem conhecimento de eletrônica ou programação.
A colaboração que criou a era digital ocorreu entre gerações que geraram conhecimento e passaram para o futuro o que pensavam. Deixavam para novas equipes, ou pesquisadores isolados, o conhecimento gerado para ser utilizado por talentosos inovadores. Sem um acordo entre eles, simplesmente tinham seus pontos de partida e, sem o saber, integraram a construção de um arcabouço que mudou o mundo, e nós mesmos! Simplesmente cada um se empenhou para, pelo menos, colocar um tijolo a mais nos resultados que muito nos ajudam, na atualidade. Mas, para isso, precisavam de sociedades competentes, educadas e prospectivas. E isso aconteceu, pois os ambientes favoráveis floresceram na Europa a partir de meados dos anos de 1800 e cresceram nos Estados Unidos no Século XX. Tais ambientes competentes, diríamos, produziram os sábios artífices de um futuro que é o nosso presente atual!
Tudo partiu de matemáticos que souberam pensar na empolgação técnica da Revolução Industrial e casá-lo com o romantismo da ciência e da cultura. Foram capazes de vislumbrar máquinas que se tornariam parceiras da imaginação humana e lançaram as sementes de uma era digital que hoje realmente revolucionou nossas vidas.
Podemos perguntar sobre o que moveu essas pessoas que criaram as sementes dessa vontade de fazer perguntas e procurar as respostas. Voltando ao Brasil dos nossos dias, podemos concluir destacando que nossa contribuição, como país e como cidadãos, não tenha sido significativa. Temos nos conformados à posição de apenas consumidores, sem participação no processo de reflexões e pesquisas, que em nada ostentam nossa presença no mundo.
Do nosso lado, de nenhum modo acomodados a ver o que acontece, como espectadores do espetáculo das realizações técnicas realmente extraordinárias que nos empolgam, existe o desafio de construirmos para o futuro, novos cenários. Saltarmos para a posição de atores e nos equiparmos para inovar, criar e produzir, e, da mesma forma que estamos sendo invadidos pelas inovações mundiais, mais dignas da nossa presença significativa na geografia das nações! Para tanto, novos desafios para a melhoria do nosso processo educacional nos esperam. Temos de enfrentá-los e vencê-los!
Artigo publicado em 25 de janeiro no jornal A Tribuna.