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Do Brasil para o mundo, por Ozires Silva

do brasil para o mundo por ozires silva

A imprensa aeronáutica mundial, tanto na área geral quanto na especializada, tem publicado não tantas matérias sobre as iniciativas e esforços do então Ministério da Aeronáutica para a criação do ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica de São José dos Campos (SP), em 1950. Ainda hoje, os pioneiros da época mal acreditam como se pôde dar partida a um trabalho para desenvolver iniciativas visando à implantação de uma indústria aeronáutica nacional, capaz de se tornar mundialmente competitiva.

 

Muitos ainda se recordam da história da construção aeronáutica brasileira. Dos esforços pioneiros, desenvolvidos por líderes maduros e visionários, que comandando órgãos governamentais, conseguiram fazer com que uma economia primária que prevalecia nos municípios do Vale do Paraíba, nos idos dos 1950, fosse transformada para fabricar produtos de alto valor agregado, como os aviões, desde seu projeto básico até a produção final, dotados de uma sofisticação típica de regiões ou de países mais desenvolvidos.

 

Não é difícil constatar que os êxitos da nossa atual produção aeronáutica vieram de uma escola: o ITA, criado pela FAB em 1950, que pode ser considerado como o responsável pelo sucesso da EMBRAER – Empresa Brasileira de Aeronáutica, hoje amplamente reconhecida como a terceira maior produtora de jatos comerciais do mundo. O leque de produtos hoje produzidos, tipos e modelos diferentes de aviões, constatados pelo expressivo número de aeronaves que se fabrica, ainda surpreende especialistas e concorrentes mundiais.

 

As razões para o sucesso foram muitas, ressaltando uma em particular: a habilidade da EMBRAER em conquistar o mercado internacional, passando pelos críticos esforços de certificação mundial e de manter, durante anos, um alto nível de operação segura e eficiente, não importando o país ou regiões aonde nossos aviões foram colocados em serviço.

 

Bem recentemente, com uma presença segura nos exigentes mercados privados das nações mais desenvolvidas, a companhia lançou-se no campo dos aviões corporativos, e novamente conseguiu sucesso.

 

Tudo isso serve para revelar a importância de atuações das autoridades, que precisam estar convencidas do poder governamental de impulsionar mudanças. Saltando para o Brasil de hoje, um país continental com várias vocações regionais e com uma necessidade crescente de gerar oportunidades e empregos, não podemos deixar de enxergar cenários de insuficiências no campo educacional. Carências de mão-de-obra especializada já pressionam as operações de praticamente todos os campos da produção, da agricultura à indústria e aos serviços.

 

É fato sabido em todo o mundo que quaisquer previsões de crescimento econômico e desenvolvimento da vida das populações passam por recursos humanos disponíveis, nas especialidades e nas competências necessárias. E a realidade mostra problemas sérios que precisam ser diagnosticados, tratados e transformados. É tempo de agir, pois das correções dependem o futuro de milhões de vidas humanas, de jovens que, estimulados por boa capacitação para as atividades especializadas, num mundo cada vez mais competente, possam visualizar carreiras de sucesso, por força de sua graduação e formação técnicas. Novamente, autoridades precisam ser criativas e ousadas. São chamadas a olhar para o que será necessário ser feito e, com obstinação, atacar os problemas para resolvê-los.

 

Artigo divulgado no jornal A Tribuna em 20 de novembro de 2011.

 

Foto: Divulgação.