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Acorde sua Capacidade de Observar, por Ozires Silva

Créditos: Divulgação

Durante a 2ª Guerra Mundial, um americano entrou numa sala de testes de magnetron, componente básico para a fabricação de radares, e notou que uma barra de chocolate em seu bolso estava se derretendo. Voltou para casa perguntando o porquê? Descobriu que, usando uma frequência correta, poderia colocar as moléculas de água em ressonância, gerando calor. Daí surgiu os fornos de micro-ondas, um dos eletrodomésticos mais populares das residências de hoje.

 

 

No final do Século XIX, Santos Dumont, vendo um dos primeiros motores a explosão funcionando, impressionou-se pela sua leveza e capacidade de produzir potência. Com aquilo na cabeça, pela primeira vez em 1906 fez um avião decolar sem que necessitasse de auxílio externo. No ano passado, quase 3 bilhões de pessoas embarcaram e voaram em aviões comerciais em todo o mundo.

 

 

No Brasil, um problema que nos afetava era a disponibilidade da matéria-prima para fazer o papel que, segundo os especialistas, precisava usar fibras vegetais longas, tradicionalmente fornecidas pelos pinheiros. No nosso país, o eucalipto, de crescimento mais rápido e de plantio mais barato, estava disponível. Uma equipe de compatriotas, estimulados por Leon Feffer, criador do Grupo Suzano de Papel e Celulose, investiu na ideia de usar o eucalipto, embora suas fibras curtas. Venceu e, hoje, o Brasil se tornou um dos maiores produtores mundiais de celulose de fibras curtas, intensamente aplicadas para produzir o papel, reduzindo sensivelmente seus preços.

 

 

 

 

 

Ainda no Brasil, uma observação extraída de um relatório que mostrava o serviço de transporte aéreo regular, atendendo 360 cidades em 1957, tinha sido reduzido para apenas 45 cidades em 1964. Por quê? Na busca da resposta, era claro que os grandes jatos estavam entrando em serviço, e progressivamente abandonando as cidades que não ofereciam as condições operacionais adequadas. Surgiu a ideia de se criar um avião de menor porte, capaz de satisfazer os requisitos de operação das cidades que somente contassem com aeroportos não suficientemente equipados. Essa ideia deu origem à criação do Serviço de Transporte Aéreo Regional e à criação da EMBRAER, tão conhecida no Brasil e no Mundo de hoje.

 

 

A história ilustra que muitas invenções simples, como o sabonete, a tesoura, o lápis e tantas outras são respostas inspiradas para atender necessidades. Mas, quantas pessoas, ao se depararem com algo de novo, sabem o que fazer e tomam alguma iniciativa? Muitos sabem que nem todos levam em consideração boas ideias quando, pela primeira vez, sejam colocadas numa conversa ou numa proposta. Mesmo nas áreas profissionais poucos lhe darão dinheiro por uma boa ideia, mas paga-se bem por uma folha de papel (uma patente, um registro de projeto ou de direitos autorais).

 

 

É tempo no Brasil de levarmos inventores mais a sério pois, com os processos inovadores em curso no mundo e alterando nossas vidas intensamente, por força de novos inventos tecnológicos (os exemplos são muitos), vemos nações se enriquecendo simplesmente exportando produtos que jamais, por aqui, pensamos que pudessem existir.

 

 

A ideia básica é simples. Aguce seu sentido de observação. Tudo pode ser feito e oferecido de forma melhor, mais barata e eficiente. A tecnologia oferece respostas impressionantes e as equipes de especialistas mais competentes, mesmo sobre um produto tradicional, mostram-se capazes de colocar algo que, inicialmente parece lógico, mas, de repente, surge como algo inovador e se transforma em sucesso de vendas em todo o mundo.

 

 

Artigo divulgado no jornal A Tribuna de 09 de junho de 2013.