O que há com a logística brasileira?, por Ozires Silva
Na atualidade, não há menor dúvida em considerar que a Logística nacional sofre pesadamente, pelos insuficientes investimentos na infraestrutura que o Brasil vem oferecendo para as operações da mobilidade terrestre no nosso país. Tudo marcha para o encarecimento de custos, atrasando entregas e contribuindo para nossa decrescente competitividade mundial, refletida nas contas nacionais, em particular do balanço do comércio exterior. Como observadores externos, deveria ser reconhecido, entre os planejadores governamentais, a incapacidade do setor público de executar os investimentos necessários. A legislação, superando a capacidade da estrutura pública, cria obstáculos difíceis a serem vencidos para organizar e tornar eficientes as contratações de mão de obra e a compra dos suprimentos necessários. Os próprios planejadores colocam, como cerne da questão, entre outros fatores, as indecisões e retardos para a fixação, hoje demasiadamente política, de uma razoável hierarquia entre as iniciativas e demandas identificadas.
A nova Empresa de Planejamento e Logística (EPL) poderia definir prioridades e trabalhar ao lado dos diferentes níveis governamentais, com os diferentes órgãos interessados, chegando a propostas para o setor privado, que contenham todos os atributos para que os prazos sejam cumpridos.
No Brasil temos empresas experientes em grandes obras que podem participar dos estudos necessários, criando uma parceria observada em outros países, levando a trabalhos de engenharia de envergadura e que possam ser realizados em prazos, qualidade e custos controlados. Nessas hipóteses de parcerias, e com elas consolidadas, também seria possível antecipar os riscos, para que órgãos de controle (TCU, Ministério Público, Órgãos Ambientais, entre outros) possam colocar objeções e sugestões.
Assim, não se pode escapar da necessidade de se equacionar as prioridades e os financiamentos dos investimentos, satisfazendo os requisitos do uso, tipo de modal para cada projeto e optando de forma clara e segura sobre a decisão adotada e suas conexões com as demais alternativas. Em cenários de credibilidade e confiança, certamente, haverá capitais privados, nacionais ou internacionais, disponíveis para participar, cabendo ao Governo, em parceria com os envolvidos, decidir qual seria a melhor forma, inclusive a decisão por PPP’s (Participação – Pública – Privada), sempre que fosse o caso.
Há necessidade de compreender que haverá deslocamentos de um investimento para outro, mesmo que o anterior corra riscos de escassez de recursos. No entanto, a conhecida falta de investimentos poderá ser reduzida se o Governo aumentar sua poupança, reduzindo seus gastos correntes ou sua demanda por recursos para financiar suas dívidas.
Realmente, cada projeto ou problema não pode ficar circunscrito a dificuldades que foram montadas, através de legislações complexas, e mesmo conflitantes, editadas no passado, que precisarão ser revistas, entendendo que novidades somente ocorrem se houver mudanças. Isto é, percalços sempre existirão, pois, como nos ensina a Física, uma condição estática ou de movimento constante, somente pode ser alterada por uma força externa. Em outras palavras, e buscando exemplos nos países de sucesso, em particular a Coréia do Sul e a China, somente se consegue com sucesso uma inserção competitiva na economia mundial e ganhar margens domésticas de desenvolvimento, em razão de mudanças que, com coragem, precisam ser aplicadas, independente de fatores limitantes do passado.
Artigo publicado no jornal A Tribuna de 24 de fevereiro de 2013.