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Uma Conversa sobre Felicidade, por Ozires Silva

Crédito: Divulgação

Embora poucos pensem em sua busca, quem deixa de pensar na felicidade? Ora, a busca parece fazer parte de um combustível que move a humanidade, e ela é que nos força a estudar, trabalhar, ter fé, realizar coisas, juntar dinheiro, fazer amigos, casar, ter filhos e depois protegê-los. Ela nos convence de que cada uma dessas conquistas pode ser a coisa mais importante do mundo e nos dá disposição para lutar por ela. Embora muitos pensem que falamos de ilusões, difíceis de atingir, pode ser que, ao contrário, seja possível conquistar momentos, e mesmo períodos, de felicidade.

 

Crescentemente, um número cada vez maior das pessoas, dos cientistas, sociólogos e outros, têm se esforçado para decifrar os segredos da felicidade. Buscam entender o que nos torna mais ou menos felizes e qual é a forma ideal de lidar com a ansiedade que essa busca infinita causa.

 

 

Um dos motivos pelos quais a felicidade seja tão difícil de alcançar é que nem sabemos bem o que ela seja, e como e porque acontece em alguns momentos. Alguns dizem que a felicidade é na verdade a soma de três coisas diferentes: prazer, engajamento e significado. Cada uma delas pensamos saber como identificá-las e usá-las convenientemente. De qualquer forma, estar engajado em algo que tenha um significado e conseguir realizá-lo pode trazer sentimentos de vitória. E ser vitorioso, em metas desejadas certamente provoca estados felizes.

 

 

 

 

Algumas pessoas são capazes de se engajar em tudo, mergulham de cabeça. Isso pode ser raro, mas qualquer um pode embarcar nesses propósitos de busca e se concentrar tanto, que tende a negligenciar outros aspectos da vida, mesmo o prazer. O engajamento numa atividade torna-se tão intenso que dá aquela sensação boa de estar completamente absorto, a ponto de esquecer o mundo e perder a noção do tempo.

 

 

Alguns especialistas, dedicados ao tema, afirmam que o segredo é buscar atividades nas quais se possa usar todo o talento pessoal e da equipe que nos ajuda. Tem de ser um desafio não muito fácil a ponto de ser entediante, nem tão difícil que se torne frustrante. É uma linha tênue e dificilmente identificada, mas procurar experiências desse tipo é recompensador e traz níveis bem altos de felicidade.

 

 

Outras formas existem capazes de ficarmos mais felizes, por exemplo, fazer o bem para outros. Também se alcança significado construindo algo que pode sobreviver a você. O exemplo clássico é criar filhos. Outra dica é acreditar que sua vida é importante para alguma grande causa: a história, a ciência, a justiça social, enfim, um grande projeto que possa modificar onde se vive.

 

 

Em resumo, a busca da felicidade é o que nos empurra para frente. Se, contudo, paramos de correr, um sentimento de frustração pode nos invadir. Portanto, um pouco de ansiedade é perfeitamente saudável.

 

 

Embora muita gente acredite que é possível viver uma existência só de altos, sem nenhum ponto baixo, sem tristeza, sem sofrimento, infelizmente não acontece. Um conselho do Dalai Lama é que, quando as coisas estiverem mal, em vez de se entregar à infelicidade ou tentar apenas minimizar os sintomas, respire fundo e tente descobrir o porquê da situação, pois grande parte da dor é criada por nós mesmos, pela nossa inabilidade de lidar com a tristeza e pela sensação de que somos obrigados a ser sempre felizes. Ao encarar o sofrimento de frente, e cultivá-lo, o melhor seria identificar as suas causas reais. Se conseguir, estará dando um passo na direção do autoconhecimento, o que vai lhe permitir entender quais seus objetivos na vida, quais seus valores.

 

 

Artigo divulgado em A Tribuna em 20 de outubro de 2013