Praticagem – Uma especialização essencial, por Ozires Silva

Muitos já tentaram encontrar soluções para identificar as profissões e a capacitação dos futuros profissionais, imaginando que seria possível selecionar um jovem de hoje e projetar o que ele terá de conhecer para ser um especialista competente ao longo de sua vida. Trata-se de tarefa nada fácil, pois, estudiosos do assunto, asseguram que das dez atividades mais buscadas, pelos jovens do ano 2000, apenas seis delas subsistem. Na velocidade do desenvolvimento tecnológico de hoje, é fácil imaginar que se tratam de mudanças da sociedade de difícil previsibilidade.

Isto se aplica para milhares de atividades econômicas, quando imaginamos o mundo produtivo que nos aguarda, perante o desenvolvimento tecnológico mundial constatado nas últimas décadas. Impressionante, diriam os mais céticos. Quantos são os produtos que não tínhamos há menos de 30 anos, que hoje alteraram nossas vidas!!! E a lista não é pequena! E mais, como estará o nosso mundo dentro de dez, vinte ou mais anos à frente!

Isto nos leva à Praticagem. Uma atividade típica dos portos marítimos, exercida há anos por profissionais, assegurando a entrada de navios do alto-mar até sua atracação segura nos portos. Embora um serviço essencial e pouco percebido, requer especialização competente. Exige conhecimento do Porto e lida com as tecnologias mais avançadas em termos de comunicação e orientação, sobretudo em condições que podem ser adversas. Sejam elas as correntes marítimas, a agitação das águas e as condições meteorológicas. Ela é exercida por profissionais habilitados que se responsabilizam por uma condução correta, do alto-mar até a atracação final no Porto.

A orientação de navios mudou muito nos últimos tempos, praticamente abandonando as referências geográficas do solo ou das superfícies marítimas passando a contar com dados eletrônicos de satélites geoestacionários, muito mais precisos e instantâneos. E mais, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas e precisarão ser incorporadas ao uso.

Ocorre que as operações portuárias são de responsabilidade das autoridades e, como ocorrem, dependem de verbas federais, por vezes longe das possibilidades e disponibilidades para o desenvolvimento portuário na região, e, infelizmente, ainda enfrentam problemas para a aquisição de tecnologias novas para as operações marítimas.

Com a implantação do Centro de Coordenação, Comunicações e Operações de Tráfego (C3TO) de Santos, o Porto de Santos ganhou um presente de inovação tecnológica para competir com os portos dos EUA, Europa e Ásia, na atual era da sociedade da informação e do conhecimento digital. O reflexo deste investimento no maior Porto da América Latina responde por uma maior movimentação do comércio exterior – importação e exportação na região.

Além disso, a precisão dos dados fornecidos pelo C3TO reforça as boas práticas recomendadas pela International Maritime Organization (IMO) para diminuição dos riscos durante a navegabilidade de navios com dimensões físicas, entre as maiores da atualidade e, também, a preservação das vidas humanas e do meio ambiente. Estas práticas promovem a redução bastante significativa nos custos logísticos marítimos para os atores diretos e indiretos de qualquer relação comercial.

Assim, temos de entender que a Praticagem de Santos é um ator importante das atividades comerciais de um polo de desenvolvimento econômico da Baixada Santista, com reflexos diretos na economia nacional. No cenário atual da economia internacional todos temos de manter o pensamento que já vivemos num mundo global e manter em mente que a praticagem, como um serviço essencial, precisa ser mantido e atualizado, sob a necessidade de que o Porto de Santos, um importante investimento local e nacional, mantenha-se ativo e competitivo.

*Texto produzido em coautoria pelo Coordenador de Comércio Exterior, Portos e Logística Prof. Me. Rodrigo Silva e pela Coordenadora de Oceanografia Profª Me. Maria Fernanda Palanch Hans, ambos da UNIMONTE.