A (re)descoberta dos livros, por Ozires Silva
Muito mais rapidamente do que imaginávamos, o mundo conta hoje com uma nova geração de jovens e de futuros cidadãos que, com o advento da comunicação eletrônica, pouco ou nada acredita no que foi escrito e impresso nos velhos e surrados papeis do passado!
Pouco olham para os livros na prateleira, trazendo ensinamentos e reflexões que estão hoje na base da construção da sociedade moderna. Diferentemente do que no passado, estamos na época das respostas instantâneas, quase que sem reflexões, graças às poderosas ferramentas de busca da Internet.
Mas, como doenças resistentes, ainda existem livros, impressos há décadas ou séculos que trazem sabedoria e ensinamentos dos quais não podemos abrir mão! Foram eles que construíram a vida de sábios do passado que, com suas descobertas e publicações, nos trouxeram aos dias de hoje!
Na atualidade, vivemos num mundo da mobilidade alta e de decisões rápidas. E isso tem muito a ver sobre a preparação dos jovens hoje, para um futuro que certamente será bem diferente do que podemos agora antecipar. E não são poucas as questões que cercam as Escolas sobre o que fazer e como proceder para dotar o cidadão do futuro com as condições mentais que o capacite a viver, competir e ganhar na sociedade moderna.
O hábito da leitura mostrou-se no passado como necessário em nossas vidas. Ler é uma forma de pesquisa pela sabedoria, aprender e adicionar conteúdos aos nossos pensamentos e opiniões. Pessoas que não lêem geralmente acabam por encontrar dificuldades na escrita e também na fala.
A ausência da leitura em nossas vidas bloqueia de alguma maneira nossa capacidade de interpretação e imaginação, independente se estamos lendo um romance ou um artigo no jornal. De repente, como num raio de ideia, numa leitura somos levados a pensar, criando cenários ou imaginando o que aconteceu ou poderia ter acontecido. A partir do cultivo da leitura, ao contrário do que parece, os livros nos ajudam a crescer, ampliar nossos horizontes, podendo pensar em algo que acaba por prender nossa atenção e nos levar à reflexões, abrindo espaços para novas ideias e iniciativas.
Se imaginarmos nossas mentes como uma casa, quando simplesmente decoramos fatos e teorias, estamos, na verdade, jogando objetos dentro dela sem qualquer ordem. Deixamo-los espalhados pelo chão. Caso um dia precisemos deles, provavelmente não conseguiremos encontrá-los. Caso alguém pergunte para que servem, não saberemos responder. A reflexão, nessa ótica, seria o hábito de mantermos nossas casas limpas e arrumadas, organizando aquilo que aprendemos dentro de uma estrutura lógica e funcional, para que isso nos ajude no dia a dia. Também significa nos livrarmos de ideias inúteis, jogar ao lixo as teorias que nos fazem tropeçar.
Consideremos também que boa parte da tarefa de organização e limpeza é feita inconscientemente. O cérebro humano é seletivo no que deve absorver, pois temos limitações físicas quanto ao que podemos carregar em nossas mentes. O resto simplesmente se perde no abismo do esquecimento. O aprendizado só acontece com naturalidade quando temos algum interesse no assunto em questão, quando é particularmente útil aos nossos propósitos ou tem algum sentido que nos diz respeito.
A questão, portanto, não é como enxertar em nossas cabeças o conteúdo de todos os livros que julgamos valiosos, pensando que o dever estará cumprido — isso equivaleria a decorar listas telefônicas. É necessário que haja uma lógica justificando, dando sentido e finalidade ao que estudamos. Mas, pensemos! Os livros jamais perderão o seu valor.