Um Olhar para o Passado
É sempre bom olhar para o passado e fazer algumas perguntas para os administradores, sejam eles apenas uma pessoa a pensar sobre seu trabalho, um gerente de uma empresa, ou mesmo um administrador público. Entre as inúmeras respostas que
possam intuir, algumas delas podem fazer emergir ideias-chave, para, a partir daí, examinar a coerência dos resultados conseguidos, quando comparados com o previsto ou com o que foi expressado e previsto por eles.
Podemos tomar como exemplo as colocações utilizadas à exaustão pela Presidente Dilma Rousseff, sobretudo durante os últimos meses que precederam ao seu afastamento, e colocá-las nos seus ditos que o ‘impeachment’ tenha sido um golpe e que boa parte dos problemas enfrentados pela economia brasileira tiveram como origem o mau desempenho da economia mundial.
Não podem ser taxados de ‘golpe’ os resultados das últimas votações, ostensivas e descobertas ao grande público, nem a admissibilidade do impeachment na Câmara dos Deputados e no Senado, nem as decisões soberanas do Supremo Tribunal Federal, bem como as manifestações mais recentes da população. Possivelmente a única crítica que se possa fazer seja igual àquela destacada por Joaquim Barbosa, ex-presidente da Suprema Corte, quando observa que as decisões foram tomadas “fora do povo”, que, afinal, foi quem elegeu a Presidente em disputa eleitoral democrática. Um Plebiscito ou uma nova Eleição, previstos em nossa Constituição, certamente seria, uma ou outra, solução mais completa e definitiva.
Os resultados apresentados pela economia do país, hoje, são notoriamente conhecidos pelos especialistas, e por eles severamente discutidos sob todos os matizes, e, mais do que isso, sentidos pelo cidadão comum, afetado pelos custos dos serviços e produtos, e ainda mais pelo desemprego e a dificuldade para se conseguir um novo posto de trabalho.
Todos se lembram do malogro dos grandes projetos públicos do Governo – agora substituídos – colocados no Programa de Aceleração do Crescimento (o PAC), lançado em janeiro de 2007, ainda durante a administração do Presidente Lula, com a participação da Presidente afastada, então como Ministra de Minas e Energia. Eram palavras do Governo Federal, falando em nome do Estado Brasileiro, que englobaria um conjunto de políticas econômicas, e que teriam como objetivo acelerar o crescimento econômico do Brasil, com investimentos totais de mais de R$ 500 bilhões até 2010. Os resultados, todos conhecemos.
Portanto, apontar o mau desempenho da economia mundial para justificar o mais que insuficiente desempenho da economia brasileira não faz o menor sentido, visto que além do crescimento positivo dos principais países do mundo, verificou-se expressivas presenças dos países emergentes, com destaques para a Índia e Coreia do Sul.
Muito mais poderia ser dito sobre as promessas do passado que não se realizaram. Essa possibilidade de se conseguir sucessos, a partir de iniciativas do passado, é onde se centra a principal missão da sociedade. Para tanto, precisamos de todos, povo e Governo (nos três níveis: Federal, Estadual e Municipal), de empreendedores individuais e públicos. E cabe a cada um contribuir para que seja mantido este ciclo virtuoso. Estamos diante de uma lição que não podemos repetir. Olhar para o passado mostra que o previsto ou desejado não aconteceu. A lição deve ficar na cabeça de cada brasileiro, que não deve se convencer com as palavras, mas sim com os resultados!
Artigo publicado no Jornal A Tribuna em 19/06/2016.