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A Educação e o Futuro, por Ozires Silva

a educaçao para o futuro por ozires silva

 

Há 40 anos, a Coréia do Sul era uma das nações mais pobres. Sobreviveu a uma severa guerra civil que quase destroçou o país. Perdeu muitos de seus habitantes numa luta que, feliz e surpreendentemente, terminou vencida pelo bom senso e pelo progresso. Na atualidade, o país mostra um PIB per capita quase três vezes superior ao brasileiro.

 

Do hoje chamado ‘Milagre Coreano’, é impressionante notar o ostensivo crescimento de produtos de propriedade intelectual e marcas coreanas, como os produtos Hyundai, Daewoo, Kia, LG, Samsung, além de outros muito conhecidos, agora por todo o planeta.

 

Para sair da miséria rumo a um modelo de desenvolvimento bem sucedido, é importante se destacar que o setor de Educação, na Coréia, ganhou prioridade e ênfase, com o lançamento de um programa nacional sério de redução do analfabetismo de 70% para 20%, em meados da década dos 70. Logo em seguida, aumentou de forma dramática a quantidade de alunos matriculados no ensino médio, enquanto o número de graduados universitários expandiu-se significativamente. Tudo isso realizado sob o apoio e real cooperação da classe política, dos setores empresariais e da população em geral.

 

Neste mesmo período, mas no Brasil, observou-se a progressiva queda da qualidade do ensino fundamental, mantido basicamente pelos Poderes Públicos, apesar das prioridades colocadas pela Constituição de 1988. Os resultados mostraram e mostram um quadro de causa e efeito tristemente desencorajadores, com predominância da pobreza e da falta de qualificação de milhões de chefes de família, que não conseguem garantir um mínimo para a sobrevivência de esposas, maridos e filhos.

 

Vivemos um real funil da educação. De quase 200 milhões de habitantes em 2008, cerca de 32 milhões de estudantes ingressaram no ensino fundamental, chegando ao final do nível médio somente 8 milhões. Um quadro dramático de desempenho absolutamente não aceitável de desistências ou de reprovações. Desses últimos 8 milhões, apenas pouco mais de 2 milhões ingressaram em cursos superiores, para uma graduação final de 1,2 milhão, ou seja, menos de 1% da população.

 

Para concorrer em pé de igualdade com as potências mundiais, o Brasil terá que aumentar o percentual da população com formação acadêmica superior. Como referência, de brasileiros entre 25 e 64 anos, apenas 11% chegou a um diploma universitário. Levantamento feito pelo especialista em análise de dados educacionais, Ernesto Faria, em 2008, a partir de relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), concluiu que o Brasil ocupa o último lugar em um grupo de 36 países ao avaliar o percentual de graduados na população da faixa etária citada.

 

Neste momento, encontra-se em discussão no Congresso Nacional um Projeto de Lei que determina a discussão e a aprovação de um Plano Nacional de Educação para o período 2011/2020. Esse projeto teve origem e foi coordenado pelo Governo Federal. A importância desse documento legal é óbvia e deveria ser um marco de mudanças e de progresso na escala e abrangência necessárias no Século XXI.

 

Com muita urgência o Brasil precisa de um ‘Plano de Aceleração da Educação’, ou seja, de um novo PAC que transforme cada brasileiro num vencedor, na real competição do mundo global da atualidade.

 

Sem dúvida, é imperativa a participação de cada um, individual ou coletivamente, pois estamos sob risco de levar nossos descendentes a viver num país pobre em face do que está acontecendo hoje nos cinco continentes: um real mergulho no progresso e na disseminação do conhecimento e da cultura.

 

Artigo divulgado no jornal A Tribuna em 26 de junho de 2011.